Penso e logo esqueço.
Sinto, logo escrevo..
O céu e o sol são para todos já a sombra e a escuridão só pros que querem brilhar a cada apneia no breu vejo um metro mais fundo...
farei diferente amanhã porque aprendi e não porque ontem fiz algo que não devia ter feito não há erros e acertos há aprendizado há legado e não um culpado.
somos brutos, de nascença e de legado podemos ser mais por crença e por trabalho suado por amor, entrega e ego desinflado
se fosse pobre e tivesse as loucuras que tenho poderia me achar em perigo se fosse pobre e tivesse as loucuras que tenho poderia acabar na rua, um...
“atrás de um grande homem há sempre uma grande mulher…” na plateia, para quem ele discursa com brilhantismo ela guarda na mente pormenores de um dia difícil ele...
Câmara dos Deputados. Casa dos representantes do Povo. Ebulição nas plenárias. Em pauta, o tema da liberdade sexual e da constituição de família. Pelos corredores da Casa, os advogados do povo ostentavam livros grossos sob os braços: uns com a Constituição e outros com a Bíblia Sagrada. Abertos os debates, os liberais optaram por não lançar mão de uma questão preliminar, renúncia que talvez tenha sido uma temeridade instrumental, processual e regimental. Acharam inócuo retomar a celeuma sobre a existência mesmo de Deus e de seus profetas. O erro de cálculo, disseram os analistas, foi o de não apenas livrar os oponentes do monstruoso encargo de provar a existência do Soberano – e, por consequência, de demonstrar por a mais b o fundamento de validade do documento milenar –, mas também o equívoco de abrir mão de uma forma legal de postergar por mais algum tempo o trâmite legislativo...
– Mãe, o que é isso? Perguntou o menino, levantando a palma da mão direita, onde estava uma pedra rubi que brilhava como um espelho quando este mede forças com sol. – Minha nossa, meu filho. Isso deve valer muito dinheiro. Chama-se pedra preciosa. De onde veio? – Eu vi caindo da bolsa de uma mulher que estava no ônibus. Mas quando eu me dei conta, ela já estava na calçada. Não deu tempo de avisar. Ele era um garoto de 8 anos. Suas palavras, contudo, lhe davam pelo menos aquela idade em que garotos começam a perceber que as meninas não são, em verdade, suas rivais nesse mundo, mas, antes, fonte única de saborosas alianças. Mas era só o jeito maduro e firme de falar mesmo. De resto, os mesmos brinquedos e aquela bola de capotão que guardava, no couro, as marcas que lhe provocaram um certo grupo...
Entre choques elétricos e ultrassons fisioterápicos, Cláudia era como uma antena, como um satélite do mundo ao seu redor. Trabalhava das 08h00 às 20h00, o que fazia em dois turnos intercalados por um almoço corrido. Fora essa saidinha rápida, ficava trancafiada em sua sala de consultório. Quer dizer, nem tão trancafiada assim… Se assim fosse, histórias tantas lhe faltariam. Não era o caso. Sempre tinha piadas originais e notícias fresquinhas para dar ao próximo paciente. Alguns pensavam até que ela em verdade atendia pouco, daí a explicação para tanta tagarelice, tanto conhecimento geral a pulular de sua boca. Impossível saber de tantos assuntos e histórias diversificados. Um dos pacientes, aliás, pensava que ela vivia por aí, a bater pernas. Somente dava as caras, jurava, um pouco antes do horário da consulta, sendo ela expert na preparação do semblante cansado. Cláudia, ignorante de todas essas especulações, não perdeu a oportunidade...
Carolina e Raquel estavam na sala do escritório a lembrar o quanto tinha sido pesado o trânsito da manhã. Protocolares como nas conversas de elevador, as frases tinham ali como função única a de romper o silêncio. “Que trânsito hoje, não?”. E assim esse tipo de colóquio fluía normalmente a cada fim de tarde, tal como um condenado ruma para o pelotão de fuzilamento: com caminho definido e morte certa. O fim desse diálogo, como em tantos outros dias, anunciou o término do expediente e veio acompanhado de um “amanhã tem mais!”. Nessa tarde, no entanto, a frase encerrou um papo difícil que, inusitadamente, as aproximou. Raquel está casada, tem dois filhos em idade escolar. Gosta de se divertir com os amigos e de receber pessoas em sua casa, ao som de música e farta comida. Carolina, que se julga realizada profissionalmente, naquela manhã havia enfileirado seu novíssimo utilitário...
“Cisne Negro é um salto sem paraquedas para o centro da alma humana e de seus conflitos. Uma provação aguda que nem todos temos o ‘privilégio’ de experimentar. A dor em carne viva. Um eterno se equilibrar entre a vida e a morte.” Saí da palestra mais revolvido ainda do que fiquei quando vi o filme. Como se já não tivesse feito a minha interpretação, horas e horas olhando para as estrelas, aquela outra abordagem psicanalítica me volveu à noite em que, a cada talagada de vinho, pensava no conflito entre a claridade e a escuridão. Caminhava, absorto, rumo à saída da faculdade, olhando para o chão como quem quer descobrir segredos no centro da terra. O telefone de André me trouxe de volta a realidade. – Você é um palhaço mesmo! Ri, pela enésima vez, do toque escolhido essa semana. O negócio dele era achar o som mais...
– Tá valendo a viagem de Réveillon! – Como é que é? – Se você conquistar aquela gata, a virada do ano é na faixa! Bernardo era um cara de boa. Bonitão, mas bem de boa. Não se importava muito de azarar as meninas e tirar vantagem das benesses que a natureza lhe conferira. O problema é que ele nunca foi muito chegado em trabalhar pesado. A vida dele era ali nos metros quadrados que atendiam ambos pelo mesmo nome: Bairro e Praia de Copacabana. Gostava muito dos amigos também, que por sua vez, adoravam viajar. Como bater pernas mundo afora custa dinheiro e mulher nunca é demais – longe disso! – dá para imaginar se o desafio foi ou não aceito. Ela era mesmo fascinante. Os cabelos mereceriam uma história à parte. Propaganda de shampoo, só que de verdade. Negros, lisos, finos, brilhosos. Sorriso de modelo, perfeito. Pele...
– história infantil – A família de sapos vivia tranquila perto de um laguinho. O calor estava de matar. A mamãe Anura disse para um dos seus filhos que tinha saído da água há um tempão e não vinha logo pra casa: — Corre pra cá, Girmino! Vem pra sombra, meu filho! — Mas mamãe, o dia está tão lindo! O sol está tão forte… — Por isso mesmo! O sapinho Girmino correu então, meio a contragosto, para o lado da mamãe Anura e disse que estava com muuuuuita sede! Então a mamãe e pegou um baldinho azul cheio de água e jogou no filho. Xuáaaa, fez a água caindo no corpinho do Girmino. Então a mamãe disse: — Meu filho, a mamãe não quer pegar no seu pé quando fala para vir na sombra. E Girmino começou a bocejar… Lá vinha mamãe Anura com mais um dos seus...