tranquilo e superior,
erros seus de ontem
corrige no aluno o professor
imparcial e equidistante,
o juiz aponta o erro do próximo
com base em casos semelhantes.
objetivo e não envolvido
o psicanalista avalia com frieza.
irritante nos diz obviedades
que na sua vida não aplica – que tristeza!
caro analista,
digno magistrado,
ilustríssimo professor,
por que não os vejo à vista?
por que se alimentam do passado?
onde estão agora, quando tudo é dor?
se é para reler o que se foi
com licença, eu aspiro galhardia
eu aguento que me doe,
eu prefiro a poesia
aliás, que pensa poeta hoje?
quais são as suas angústias e indecisões do presente?
não te dirá.
não dirá a ninguém.
apenas se virará com o que tem!
mas pode estar certo,
amanhã ele abre o bico,
com a soberba do esperto,
e sem chance de pagar mico!
cheiro de poesia no ar….